27.2.09

Indefinível, mágico, ilógico...

É curioso como às vezes nos identificamos tanto com algo sem que tenhamos nenhuma ligação palpável com aquilo...


Há alguns meses atrás decidi retomar um projeto de livro que levo em banho maria já fazem uns 5 anos ou mais. Ele começou de uma conversa com minha melhor amiga depois de uma partida de Dungeons&Dragons onde eu era uma druida e a idéia era básica: duas amigas se descobriam bruxas e uniam-se a um grupo de outras garotas iguais a elas.

Como não consigo escrever sem saber do que estou falando, fui pesquisar sobre o assunto antes de começar a efetivamente escrever a história, mas a pesquisa foi ultra superficial por vários motivos, sendo o principal deles a minha inexperiência em pesquisas... ou talvez aquela simplesmente não era a hora de começar o trabalho.

Digo isso porque durante um tempo achei que curtia história de bruxas mas filmes como Jovens Bruxas não me agradavam totalmente e até em Charmed, uma série que eu adorava, parecia faltar algo que só comecei a me dar conta quando conheci Harry Potter: o clima, a essência. Pra mim nenhuma história de fantasia estava completa se não tivesse um clima europeu, britânico pra ser mais exata. Então aos poucos fui me esquecendo do meu livro e me envolvendo com outras coisas.

Foi só quase no final do ano passado que algo me abriu os olhos para as dificuldades que eu estava sofrendo pra começar a escrever a história: o cd Home do Corrs. As músicas do cd me fizeram perceber que não gosto das bruxas em si, mas do clima de magia e mistério com paisagens verdejantes, castelos, nevoeiros...

Desde que me entendo por gente sou fascinada por contos de fadas, histórias de cavaleiros e princesas em reinos encantados e etc, mas nada cor de rosa tipo Barbie no Reino da Fantasia, meu lance era Rei Arthur, Asterix e afins. Teve uma época onde cheguei ao cumulo de ficar conhecida na locadora da cidade porque só alugava repetidamente Robin Hood e A Princesa Prometida *shame on me* e ainda hoje sinto uma estranha sensação de familiaridade quando assisto esses filmes ou qualquer outro no mesmo estilo.

Quando ouvi Dreams pela primeira vez há séculos atrás me encantei com a musica e assim segui curtindo cada vez mais a banda Corrs por misturar tão bem aqueles instrumentos diferentes com a musica pop, porém foi só depois de ouvir o cd que eles fizeram em homenagem à sua falecida mãe com musicas tradicionais irlandesas que criei coragem de ir pesquisar pra valer sobre o assunto.

Comecei procurando informações sobre as musicas do cd, baixando outras no mesmo estilo e como uma coisa leva a outra, acabei indo para a história da Irlanda, de lá segui para as lendas regionais e das lendas fui parar na história real (ou o pouco que se sabe) dos celtas. Pra minha surpresa, muitas coisas eu já conhecia vagamente de filmes e livros que amava, mas nunca imaginava em associar uma coisa à outra.

Como Charmed e vários outros filmes e livros de bruxas atuais são mais baseados na Wicca e como na internet todas as informações se confundem, tudo o que eu pesquisei há 5 anos atrás acabava caindo na visão dessa nova religião mas nada me agradava, faltava algo. Nada contra wicca, mas a cultura celta e os druidas não tem nada a ver com essa religião neo pagã, apesar da wicca usar os nomes de algumas divindades celtas como Brigid e Ceridwen.

E também não ajudavam muito livros como As Brumas de Avalon que apesar de ser uma bela leitura, dá um enfoque maior às mulheres do que realmente acontecia na cultura celta. As mulheres celtas eram mais independentes se comparadas a outros povos antigos, mas nunca foram a grande força de seu povo como a maioria das pessoas hoje em dia acredita que tenham sido graças às Brumas de Avalon e a wicca. Na verdade As Brumas de Avalon tem um efeito mais ou menos parecido com o de O Código Da Vinci onde muita gente confunde os fatos reais com a fantasia criada no livro.

E aí eu volto à primeira frase desse texto: é curioso como às vezes nos identificamos tanto com algo sem que tenhamos nenhuma ligação palpável com aquilo, como sem nenhum parentesco ou contato direto nos identificamos com algo que parece distante como outra cultura e outro povo.