Em tempos de super-mega produções americanas eu tô cada vez mais me encantando com a simplicidade da tv britânica, em especial da BBC.
Comecei semana passada a assistir a nova versão de Doctor Who (2005) e antes do fim de semana já tinha terminado a primeria temporada. O fato delas terem só 13 episodios ajudou mas mesmo assim foi rapido pra mim que costumo deixar tudo pra ultima hora *lol*
Desde pequena eu ouço falar de Doctor Who pois minha mãe é professora de inglês britânico e consequentemente tudo relacionado ao Reino Unido sempre chama atenção da gente aqui em casa mas da familia eu sou a unica que curte ficção cientifica (e mesmo assim não curto tanto pro padrão nerd). Por ser uma das séries de ficção mais cults de todos os tempos e tão importante para a cultura pop britânica quanto Beatles e Sherlock Holmes (sem contar as participações da Sophia Myles e de 90% do elenco de Merlin *lol*), eu sempre tive a curiosidade de conhecer esse tal Doutor Quem mas fazia uma idéia COMPLETAMENTE diferente do que a série é na realidade.
Quando se fala em ficção cientifica, pelo menos pra mim, a imagem que vem em mente são aquelas histórias futuristas cheias de palavras cientificas demais pra explicar coisas simples e efeitos de ultima geração sendo o centro do filme/série (tô dizendo, ninguem acreditaria q sou nerd falando "mal" assim de sci-fi *lmao*). Nesse sentido Doctor Who parece mais uma série de fantasia com linguagem simples, nomes inventados e efeitos especiais na medida certa só pra ajudar a contar a história.
O grande trunfo de Doctor Who é a criatividade, a cada episodio viajamos pra uma parte do universo ou pra algum tempo diferente, em um dia conhecemos Charles Dickens e no seguinte presenciamos a extinção da Terra como se fosse a coisa mais natural do mundo. E tudo isso sem mega explosões nem bullet effect! Na verdade Doctor Who abusa de uma tecnica antiga e extremamente eficiente que eu gosto de chamar de "menos é mais": a expectativa de ver o monstro é sempre mais assustadora do que dar de cara com a criatura em si, ouvir uma pessoa gritando é sempre mais angustiante do que ver ela sendo torturada de fato. Por isso filmes de terror como Tubarão ou os suspenses do Hitchcock dão de 10 a 0 em qualquer Pânico ou Jogos Mortais.
Mas voltando ao Doctor, além desse suspense a dose de humor (britânico, é claro) é super alta, em um minuto você está roendo as unhas de ansiedade e no seguinte tá dando gargalhada das tiradas e da cara de pau do Doutor. Agora imagine tudo isso com um visual ligeiramente retrô assim:
É, Doctor Who é uma série unica em todos os sentidos, tanto que tá no Guiness como a série de ficção cientifica mais longa do mundo. O seriado foi criado em 1963 e ficou no ar até 1989, num total de 26 temporadas; depois teve um filme em 1996 e em 2005 voltou ao ar como uma continuação direta da série antiga. Isso mesmo, depois de um hiatus de *16 anos* a série voltou com a mesma mitologia e o mesmo Doutor graças a criatividade que eu citei ali acima: o Doutor é um Time Lord e uma das caracteristicas dessa raça é que ao inves de morrer eles se regeneram, ou seja, mudam de cara e de "estilo" sem perderem suas caracteristicas basicas. Sendo assim pode-se mudar o ator sem o menor problema sempre que necessario e por isso deu tão certo continuar de onde se parou há uma decada e meia atrás. Parece complicado mas assim como tudo em Doctor Who, na pratica é bem simples e despretencioso.
Atualmente estamos na 11ª versão do Doutor mas a mais famosa é a 10ª interpretada pelo David Tennant que ficou da 2ª à 4ª temporadas da nova série e das partners do Doutor as mais conhecidas são Rose Tyler, interpretada pela Billie Piper durante a 1ª e 2ª temporadas da versão nova e Sarah Jane Smith (partner dos Doutores 3 e 4 de 1973 a 1976) que recentemente ganhou sua própria série spin-off, The Sarah Jane Adventures. E por falar em spin-off, outro é Torchwood, com o Capitão Jack Harkness que apareceu pela primeria vez no episodio The Empty Child da 1ª temporada da nova versão de Doctor Who.
Comecei a assistir pensando que não acharia tanta graça mas agora tenho que admitir, faz muitooo tempo que não me divertia tanto com uma ficção cientifica!
-> 5 coisas que tinham tudo pra dar errado em Dr Who mas acabaram dando certo